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Fibromialgia: Causas, Sintomas, Diagnóstico e Tratamentos

  • A fibromialgia é uma condição crônica que causa dor em todo o corpo.
  • Estima-se que cerca de 1 em cada 20 pessoas no Brasil tenha fibromialgia.
  • Os sintomas da fibromialgia incluem dor, fadiga, distúrbios do sono, dificuldades cognitivas e alterações de humor.
  • A causa exata da fibromialgia é desconhecida, mas acredita-se que uma combinação de fatores físicos, genéticos, psicológicos e ambientais possa estar envolvida.
  • O tratamento para fibromialgia se concentra no controle dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida.

O que é fibromialgia?

A fibromialgia é uma síndrome sem contornos e causas muito bem definidos que ataca o sistema nervoso central e se manifesta por uma série de sintomas.

O principal deles é a dor intensa e constante em vários pontos do corpo, seja na musculatura, nos tendões ou nas articulações.

Além da dor, o paciente com fibromialgia pode sentir também:

Embora a medicina ainda não tenha respostas precisas sobre a origemda fibromialgia, a estatística dá conta de que a doença afeta principalmente mulheres de meia idade, entre os 30 e os 50 anos, sendo delas 90% dos diagnósticos realizados.

SintomaDescrição
DorDor musculoesquelética crônica
FadigaSono não reparador e exaustão extrema
Problemas cognitivosDisfunção cognitiva (às vezes chamada de “fibro nevoeiro”
Problemas de sonoDistúrbios do sono
Problemas de humorDepressão e ansiedade

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Causas da fibromialgia?

Como mencionado no tópico acima, não existe causa definida para a fibromialgia, mas é possível apontar certos fatores de risco. Sabe-se, por exemplo, que pessoas com artrite reumatóide e lúpus, duas doenças autoimunes, são particularmente propensos a desenvolver a síndrome.

A idade também está relacionada à fibromialgia. Embora pessoas de qualquer faixa etária possam desenvolver os sintomas, a maioria dos diagnósticos é em indivíduos de meia idade. Além disso, quanto mais velho for o paciente, maiores as chances de ele acabar entrando para as estatísticas da doença.

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Pode ser coisa da sua cabeça?

Com a doença não traz com ela alterações físicas ou deformidades, passa praticamente despercebida por quem não vive os seus sintomas. Levou anos de observação e estudos, mas a medicina há tempos abandonou a ideia preconceituosa de que a fibromialgia pode ser “frescura” ou “invenção” de um paciente confuso.

A literatura médica, no entanto, de fato sugere que a síndrome relaciona fatores físicos, neurológicos e psicológicos, sobretudo porque a dor é um sintoma de medição abstrata e cuja intensidade pode ser afetada por emoções e pelo humor. Um paciente com depressão ou ansiedade, por exemplo, pode manifestar a doença de forma mais intensa do que outro com a saúde mental em dia.

Não são raros os casos em que os primeiros sintomas da fibromialgia apareçam depois de traumas físicos ou psicológicos, como separações, acidentes ou violência.

O oposto também é verdadeiro. Ao mesmo tempo em que a dor pode ser afetada por fatores psicológicos, a convivência constante e intensa com ela pelo paciente pode levar, por sua vez, ao aparecimento de estresse, preocupação e baixa no humor.

Estudos com imagens do cérebro mostraram que o indivíduo realmente sente a dor, mas o modo como o cérebro interpreta o sintoma é que ocorre de modo exagerado. Assim, um estímulo considerado leve por pessoas saudáveis, como uma topada em um móvel mal colocado, pode ser extremamente doloroso para alguém com fibromialgia.

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A química da dor

A medicina ainda não compreende muito bem como se dá esse mecanismo alterado de interpretação da dor, mas alguns estudos já apontam caminhos. Uma das desconfianças é a de que haja alguma anomalia na quantidade de neurotransmissores, substâncias que agem como mensageiros entre as células cerebrais e as terminações nervosas.

Ainda na parte fisiológica de fatores que podem influenciar o surgimento da síndrome, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano (CDC, na sigla em inglês), aponta também a obesidade, doenças infecciosas e a ocorrência de traumas de repetição, como pela movimentação excessiva de uma articulação, por exemplo.

FisiopatologiaDescrição
NeurobiológicoSensibilidade aumentada aos sinais de dor do sistema nervoso central, que se acredita ser devido a uma liberação anormal de neurotransmissores no cérebro.
EndócrinoAnormalidades no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e níveis alterados de serotonina e outros hormônios.
ImuneAlterações nas citocinas pró-inflamatórias e um sistema imunológico hiper-reativo.
GenéticoPredisposição familiar ao distúrbio, sugerindo um componente genético.
PsicológicoO distúrbio é frequentemente associado a depressão, ansiedade e estresse, o que pode contribuir para o desenvolvimento do distúrbio.

Diagnóstico da fibromialgia

Não existe nenhum exame específico capaz de identificar a fibromialgia, sendo o seu diagnóstico, portanto, puramente clínico. O médico suspeita da doença na consulta e, por meio de uma entrevista detalhada com o paciente e pela exclusão de outras possíveis causas para a dor e os demais sintomas, fecha logo o quadro.

Como os sintomas são difusos e variam de paciente para paciente, não são incomuns os casos em que o indivíduo peregrina por consultórios até chegar a um diagnóstico preciso. Estudos diferentes estimam que esse tempo chega a variar de dois a quatro anos.

Como as causas das dores não aparecem em exames de raio-X ou ressonância, o médico geralmente se vale de alguns critérios para fechar o diagnóstico. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), os pontos a serem considerados sãodor por mais de três meses em todo o corpo e presença de pontos dolorosos na musculatura (pelo menos 11 pontos, de um total de 18 pré-estabelecidos).

Ainda conforme a SBR, mesmo que o paciente não preencha todos os pontos, o diagnóstico pode ser feito e o tratamento iniciado.

Um diagnóstico diferencial importante da fibromialgia é a Síndrome Dolorosa Miofascial, a mais comum causa de dor músculo-esquelética. Exames de imagem como radiografias, tomografias e ressonâncias podem ajudar a excluir outras síndromes com sintomas semelhantes.

Diagnóstico Diferencial de Fibromialgia

  • Síndrome de dor miofascial: causa dor nos músculos e no tecido conjuntivo. Resulta em dor local ou dor referida. Em casos crônicos, pode gerar dor crônica generalizada, fadiga muscular e sintomas secundários como alterações de humor.
  • Artrite: causa inflamação das articulações, dor aguda, inchaço, limitação de movimentos.
  • Síndrome de Fadiga Crônica: causa fadiga e exaustão extremas.
  • Doença de Lyme: infecção bacteriana transmitida por carrapatos.
  • Hipotireoidismo: causada por uma tireoide hipoativa.
  • Apneia do sono: caracterizada por pausas na respiração durante o sono, fadiga muscular, ganho de peso e pressão alta.
  • Depressão: um distúrbio de saúde mental caracterizado por sentimentos de tristeza, perda e raiva.
  • Síndrome do intestino irritável: causa dor abdominal, inchaço e diarreia.

Paciente do sexo feminino em terapia com fisioterapeuta Foto gratuita
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Tratamento para fibromialgia é multidisciplinar

Como uma doença crônica, a fibromialgia não tem cura definitiva. Mas isso não significa que o paciente terá para sempre sua qualidade de vida afetada pelas dores incessantes. Assim como não existe uma única causa para a condição, também não há apenas um tratamento, sendo a abordagem multidisciplinar a melhor alternativa para abordá-la.

Em geral, a equipe inclui médico, psicólogo, fisioterapeuta, educador físico, terapeuta ocupacional, enfermeiro, e outros profissionais que podem ajudar no controle da dor, postura, fortalecimento da musculatura, controle da saúde mental, etc.

Tratamento médico:

O primeiro contato com um profissional geralmente é com o médico especialista em dor que identifica os sintomas e fecha o diagnóstico para, depois, prescrever medicamentos de redução da dor e alterações do humor, quando necessário.

As possibilidades iniciais de tratamento para a fibromialgia podem variar dependendo do indivíduo e da gravidade dos sintomas. Medicamentos, mudanças no estilo de vida, fisioterapia e terapia ocupacional e tratamentos alternativos são opções de tratamento possíveis que são usadas isoladamente ou em combinação para ajudar a reduzir os sintomas.

A acupuntura pode ser recomendada ou feita também pelo médico como tratamento complementar, com benefícios como melhora da dor, sensação de bem-estar e controle da ansiedade. O tratamento usado como ferramenta a favor do paciente tem a vantagem de trazer nenhum ou poucos efeitos colaterais se executado pelo profissional adequado.

Medicamentos para tratamento da fibromialgia

  • Antidepressivos: atuam alterando os níveis de serotonina e norepinefrina, o que pode melhorar o humor e ajudar na dor.
  • Anticonvulsivantes: funcionam bloqueando os sinais nervosos que causam sensações de dor.
  • Relaxantes musculares: reduzem os espasmos e a rigidez muscular, o que pode melhorar o movimento e reduzir a dor.



Tratamento psicológico:

O psicólogo é essencial para tratar as questões emocionais, como o estresse e a depressão, no caso de existirem, na forma de lidar com a dor, além de auxiliar na memória e na concentração.

Fisioterapia e atividade física:

Os sintomas físicos que os medicamentos e a acupuntura, sozinhos, não conseguirem resolver podem ser abordados e amenizados com fisioterapia e atividade física regular. Isso porque a melhora do condicionamento físico, da força muscular e do alongamento são fundamentais na melhora do cansaço e a dor.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, em inglês), recomenda que pacientes fibromiálgicos pratiquem atividade física moderada, como caminhada, natação ou pedalada por 30 minutos cinco dias da semana.

Os trinta minutos, prega a entidade, podem ser divididos em três sessões separadas de exercícios ao longo do dia.

Além de melhorar os sintomas da fibromialgia, a prática regular de atividade física, segundo o CDC, pode também reduzir o risco de desenvolver outras doenças crônicas, como as cardiovasculares e diabetes. O site da instituição disponibiliza uma lista de atividades físicas indicadas para pacientes de artrite que também podem ajudar pessoas que sofrem com a fibromialgia. Você pode conferir a lista aqui (em inglês).

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Quais são as complicações da fibromialgia?

Mesmo que tratamentos cada vez mais modernos e diagnósticos mais rápidos e precisos possam melhorar a saúde e a qualidade de vida dos fibromiálgicos, os pacientes, devem, sim prestar atenção a algumas possíveis complicações da doença, a fim de evitá-las.

Segundo o Centro e Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, as complicações passam desde maior risco de hospitalização até índices mais elevados de depressão e outras doenças psicológicas. São eles:

  • Risco até duas vezes maior de ser hospitalizado do que alguém que não tem fibromialgia
  • Qualidade de vida mais baixa
  • Maior risco de depressão. Segundo o CDC, adultos com fibromialgia têm até 3 vezes mais risco de desenvolver depressão grave do que adultos saudáveis.
  • Índices maiores de suicídio e ferimentos auto-inferidos
  • Índices maiores de outras condições reumáticas que podem aparecer concomitantemente à fibromialgia, como artrite reumatoide, osteoartrite, lúpus e espondilite anquilosante.

Qual o prognóstico da fibromialgia?

A fibromialgia é uma doença crônica, que pode apresentar fases de melhora e de piora dos sintomas. No entanto, seguindo o tratamento à risca e adotando um estilo de vida saudável, o paciente pode restabelecer a sua qualidade de vida e conviver harmoniosamente com a síndrome, levando uma vida praticamente normal.

Atividades que promovam a redução do estresse e da ansiedade, a prática regular de exercícios físicos e a troca de ideias com outros pacientes da doença podem ajudar a amenizar os sintomas físicos e psicológicos.

Algumas dicas são:

  • Reduza o estresse diário. Se for necessário, peça ao seu médico indicações de tratamentos específicos para o problema
  • Durma o tempo necessário para estar descansado no dia seguinte. Esse tempo pode ser de oito horas ou mais de sono por noite, em um ambiente escuro e tranquilo. Não consuma substâncias estimulantes à noite, como café ou energéticos. Dependendo da situação, pode ser saudável tirar um cochilo durante o dia, mas o ideal é ter um sono completo e restaurador no período noturno
  • Faça exercícios físicos regularmente. A dor pode tornar a tarefa desconfortável no início, mas uma vida inativa tende a piorar os sintomas. O ideal é fazer caminhadas de cerca de 30 minutos, cinco vezes na semana, ou modalidades esportivas aquáticas, como hidroginástica. A água pode ser uma boa alternativa, principalmente, nos casos onde há artrose ou problemas com atividades de impacto. Os exercícios físicos não estão contraindicados mesmo nas piores crises de dor, já que os medicamentos auxiliarão o paciente a suportá-la
  • Não altere o seu ritmo de vida. Não deixe que os sintomas da doença mudem sua rotina, muito menos suas atividades diárias
  • Pratique fisioterapia, se o médico indicar. A prática pode ajudar a corrigir problemas posturais, além de promover a realização de exercícios acompanhados por um profissional de saúde
  • Caso seu médico permita, massagens ou outras técnicas de relaxamento podem ser bem-vindas. Elas visam diminuir as crises dolorosas, especialmente quando são derivadas de tensões musculares. Além disso, podem reduzir o estresse causado pelo trabalho e outros problemas psicológicos
  • Tente a musicoterapia. Há estudos que provaram que ouvir música com frequência reduziu a dor e a depressão nos portadores de fibromialgia após quatro semanas. É de baixo custo, fácil implementação e podem ser usadas músicas com vozes, apenas instrumentos ou mesmo ruídos
  • A yoga também atua de forma benéfica nos pacientes, promovendo redução dos sintomas, tanto físicos quanto psicológicos, além de equilibrar os níveis de cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”
  • Mantenha um diário da dor. Coloque nele as situações que pioram os sintomas, os locais onde a dor aparece, etc. Isso torna mais fácil para o médico e para você, como paciente, entenderem as crises. Isso facilita o controle da doença.

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Alimentação para pacientes de fibromialgia

Manter uma dieta equilibrada e saudável e se atentar ao consumo de algumas substâncias e nutrientes específicos não vai promover a cura, mas pode, sim, ajudar a controlar os sintomas e elevar a sensação de bem-estar.

Ao montar um prato ou fazer um lanche, busque por alimentos ricos em:

  • Triptofano. A substância ajuda na produção de serotonina que, por sua vez, regula a dor, o sono e o humor. Encontrado em alimentos como ovo, carne, iogurte, chocolate, leite, banana e queijo
  • Magnésio. Ele participa da formação das proteínas, da contração muscular e da excitação dos nervos. É encontrado em cereais integrais, folhas verde-escuras (espinafre e rúcula, por exemplo), nozes, damasco seco, carne, leite e soja
  • Cálcio. Também é importante para a contração dos músculos. Níveis baixos de cálcio podem favorecer câimbras. Presente no leite e todos os seus derivados, na couve, brócolis, flocos de cereais, gergelim, amêndoas, castanhas brasileiras e farinha de soja
  • Vitamina E. Parte fundamental também na prevenção de câimbras. Encontrada nas nozes, carnes, amendoim, gema de ovo e gérmen de trigo
  • Manganês. Entre outras funções, é responsável pela produção de energia para o organismo. Presente em cereais integrais, avelã e grãos de soja.


Fibromialgia em números

  • A fibromialgia é, em média, oito vezes mais comum em mulheres do que em homens
  • Afeta entre 2% e 6% da população mundial, podendo chegar a 600 milhões de pessoas (Fonte: Associação Nacional e Fibromialgia e Dor Crônica dos Estados Unidos)
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Médico Fisiatra e Acupunturista, com Área de Atuação em Dor pela AMB. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Médico Coordenador e Colaborador do CEIMEC.

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Especialização em Acupuntura Médica

Reconhecida pelo Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura 

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