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O que é capsulite adesiva?

O ombro é composto por ossos, ligamentos, tendões e músculos. É uma região de movimentação e por isso, contém três articulações: esternoclavicular, acromioclavicular e glenoumeral.

A articulação esternoclavicular é localizada na região entre o esterno e a clavícula, constituída por ligamentos e pela cápsula articular. Já a articulação acromioclavicular se localiza na região do acrômio, ou seja, na extremidade, é composta também por vários ligamentos e pela cápsula articular. Por fim, a articulação gleroumeral se situa na região do úmero, é composta pelas mesmas estruturas das demais articulações.

As estruturas das articulações, portanto, se baseiam em diferentes ligamentos e em uma cápsula articular, em cada articulação a cápsula envolve uma estrutura diferente. A cápsula articular é um tecido que reveste diferentes partes do ombro, a fim de estabilizar a articulação.

O que é capsulite adesiva

capsulite adesiva hong

Também conhecida popularmente como ombro congelado devido à sensação de rigidez, já o nome capsulite adesiva se refere à inflamação da estrutura capsular da articulação que compromete a adesão da cápsula ao ombro.

É uma condição bastante incapacitante, pois devido à dor e rigidez, os movimentos do braço se tornam limitados.

A capsulite adesiva acomete cerca de dois milhões de casos por ano no Brasil. Afeta mais às mulheres do que aos homens e as idades mais afetadas são entre 30 e 50 anos. Podendo ser mais frequente em pessoas que, por algum motivo, mantém o braço imobilizado por muito tempo.

Pode ser confundida, muitas vezes, com bursite ou tendinite, pois os sintomas são similares, a diferença está na estrutura afetada, isto é, a bursite é a inflamação nas bursas e a tendinite nos tendões.

Dentre os problemas que surgem no ombro, a capsulite adesiva é considerada uma das mais incapacitantes e mais complicadas em termos de diagnóstico e tratamento, devido à falta de consenso a respeito da etiologia da doença, ou seja, das causas.

Pessoa Segurando Barra

Causas

capsulite adesiva ombro

As causas da capsulite adesiva envolvem traumas nas articulações, esforço repetitivo ou pesado, ou ainda, devido à imobilização do braço por muito tempo, mas pode estar relacionada a outros fatores causais, como os fatores genéticos, reações do sistema imunológico, isto é, alguma condição autoimune como o lúpus ou anemia falciforme e outros fatores patológicos, ou seja, outras doenças como diabetes, hipotireoidismo e hipertireoidismo, hérnia cervical, artrose, osteonecrose, fraturas.

Cerca de 20% dos casos de diabetes apresentam a capsulite adesiva.

Há hipóteses de que a capsulite adesiva seja originada por sinovite, esta consiste em uma inflamação da membrana sinovial, que se localiza também nas articulações.

A capsulite adesiva inicia com a inflamação na cápsula, em seguida apresenta-se a rigidez e dificuldade em realizar os movimentos normais, por fim, ocorre o descongelamento, que consiste na melhora do movimento temporariamente.

A etiologia da capsulite adesiva, portanto, pode ser de origem traumática, por fatores externos ou fatores intrínsecos do próprio ombro, ou de outros problemas de saúde.

É chamada capsulite idiopática ou primária a que não apresenta uma causa bem definida, enquanto que a capsulite secundária se refere à que apresenta causas externas ou instrínsecas, como as relatadas anteriormente.

Em termos fisiológicos, considera-se que o que ocorre no processo de congelamento do ombro é que a circulação sanguínea fica prejudicada devido à contração muscular, impedindo que os nutrientes alimentem as articulações, ligamentos e os vasos sanguíneos do ombro, podendo ocasionar, então, edemas e alterações no tecido conjuntivo da área em questão, assim o processo inflamatório se desenvolve junta  uma fibrose e assim, ocorre a rigidez da cápsula articular.

Além disso, a capsulite adesiva está relacionada à distrofia simpático-reflexa, isto é, em termos de sistema simpático e parassimpático que refletem no ombro a dor e a incapacitação.

Sintomas da capsulite adesiva

Os sintomas da capsulite adesiva são basicamente a dor intensa que aumenta gradualmente, a rigidez do ombro, fazendo com que a pessoa acometida perceba vagarosamente que há uma condição inadequada, pois passa a perceber dificuldade em realizar atividades do cotidiano.

Os sintomas podem ser divididos de acordo com as três fases da capsulite adesiva: a aguda ou hiperálgica; o enrijecimento ou congelamento e a de descongelamento. Abaixo estão discriminados os sintomas de acordo com a fase:

A primeira fase é a fase aguda, em que a dor começa a se agravar progressivamente e se torna cada vez mais intensa, nesta fase costuma-se apresentar também sudorese nas mãos e nas axilas, problema circulatório, dificuldade de movimentos rotatórios e laterais e insônia. Tem a duração de cerca de nove meses.

A segunda fase é a do congelamento, em que a rigidez se instala, a dor diminui de intensidade, mas continua principalmente no período noturno, a rigidez ou congelamento do ombro consiste em um bloqueio dos movimentos. Esta fase pode ter duração de até um ano ou mais.

A última fase é a de descongelamento, em que os movimentos começam a ser mais possíveis, o ombro volta gradualmente a recuperar a elasticidade dos ligamentos e da cápsula articular, aumentando o alcance dos movimentos. A duração desta fase é extensa, podendo chegar a vinte e quatro meses para apresentar este quadro de melhora espontânea.

Jovem explicando sua dor no ombro Foto gratuita

Tratamento da capsulite adesiva

Antes de estipular o tratamento a ser realizado, o médico realiza alguns exames a fim de diagnosticar corretamente, pois a capsulite adesiva, como já fora mencionado, pode ser confundida com outras inflamações de outras estruturas do ombro, bem como pode apresentar concomitância com outras patologias.

Para realizar o diagnóstico, são utilizados exames de imagem, como a radiografia simples, para avaliar a condição das articulações do ombro, ou seja, a esternoclavicular, a acromioclavicular e a glenoumeral, bem como avaliar a integridade dos ligamentos e das demais estruturas, como o úmero e o acrômio e, ainda, avaliar as estruturas ósseas do ombro a fim de identificar se há alguma fratura ou alteração de cálcio que pode influenciar na síndrome do ombro congelado.

Além da radiografia, pode-se utilizar a ultrassonografia, este exame permite avaliar o espessamento e a elasticidade dos ligamentos, bem como identificar possíveis lesões no manguito rotador ou em algum músculo do ombro.

A artografia do ombro, por sua vez, também consiste em um exame de imagem, considerado o mais importante para fins diagnósticos de capsulite adesiva, pois este é capaz de identificar se o volume articular apresenta alguma redução.

Uma vez realizado o diagnóstico, pode-se passar ao tratamento da capsulite adesiva, que consiste em procedimentos clínicos e fisioterapia, no entanto, há muitos casos em que a melhora do quadro ocorre espontaneamente. Por outro lado, o tratamento é importante para acelerar o processo de melhora e recuperação dos movimentos.

O tratamento é baseado, principalmente, em administração de analgésicos para aliviar as dores, bem como imobilizar o braço e o ombro com o uso de tipóia ou faixa. Porém, de forma mais específica, o tratamento pode se dividir de acordo com as fases.

Na fase hiperálgica ou aguda, o tratamento é voltado para o uso de analgésicos e anti-inflamatórios via oral, bem como corticóides injetáveis – estes não são indicados para pacientes diabéticos, neste caso substitui-se os costicoides por calcitonina; é utilizada também amitriptilina, um antidepressivo tricíclico; ropivacaína, um analgésico sem adrenalina capaz de bloquear o nervo da região escapular.

Além dos medicamentos, ainda na fase inicial, faz-se necessária a fisioterapia e outras terapêuticas, como a crioterapia, que se refere a um método de congelamento do tecido; a neuroestimulação elétrica transcutânea ou TENS, por sua vez, age como um procedimento analgésico e, por fim, indicam-se exercícios realizando a movimentação em forma de pêndulo e de mobilização.

O tratamento na fase de congelamento, por sua vez, continua sendo administrados analgésicos e anti-inflamatórios, bem como a fisioterapia, através de exercícios passivos, ou seja, aqueles movimentos realizados pelo fisioterapeuta, mas também podem ser feitos exercícios auto-passivos, que o próprio paciente realiza, mas sem utiliza a própria articulação na realização dos mesmos e sim, usando o outro braço para movimentar o ombro. Pode ser indicada também a hidroginástica, pois o meio aquático evita maiores impactos articulares.

Em casos que o paciente sente muita dor e os analgésicos não surtem efeito satisfatório, pode ser utilizado anestesia geral para tornar possível a manipulação do ombro, a fim de que os movimentos sejam recuperados.

Há ainda casos mais graves de capsulite adevisa em que se faz preciso o tratamento cirúrgico, sob o método de cirurgia artroscópica, que é menos invasiva e agressiva em relação à cirurgia convencional. Trata-se, portanto de um procedimento endoscópico, em que se insere instrumentos na região articular a partir de uma ou duas microincisões.

Conclusão

Em síntese, a capsulite adesiva ou ombro congelado é uma condição inflamatória que acomete mais ao sexo feminino e a pessoas entre 30 e 50 anos, pode ser desencadeada a partir de diferentes causas, tanto intrínsecas como extrínsecas, pode estar relacionada a diversas outras doenças e, por isso, faz-se importante o diagnóstico detalhado utilizando exames de imagem e clínicos, além da anamnese e manipulação da articulação do ombro.

O tratamento, portanto, consiste em administração de medicamentos via oral ou injetável, fisioterapia, cirurgia e outras terapias. Foi visto também que a eliminação dos sintomas pode ocorrer de forma espontânea, podendo – no entanto – durar mais de um ano para tal condição.

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CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925 | Médico especialista em Ortopedia, Traumatologia e Acupuntura. Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Monitor do curso do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de medicina Chinesa.

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Especialização em Acupuntura Médica

Reconhecida pelo Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura 

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