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A acupuntura pode tratar a depressão?

A prática pode ser capaz de substituir a medicação ou aliviar seus efeitos colaterais

 

Um número crescente de pessoas estão buscando alternativas para as medicações antidepressivas, e pesquisas recentes sugerem que a acupuntura poderia ser uma opção promissora. Um estudo recente constatou que a prática chinesa tradicional é tão efetiva quanto os antidepressivos, enquanto um estudo distinto demonstrou que a acupuntura pode ajudar a tratar os efeitos colaterais das medicações.

Na acupuntura, o profissional insere agulhas na pele em pontos do corpo considerados correspondentes a órgãos específicos.

A pesquisa ocidental sugere que as agulhas podem ativar analgésicos naturais presentes no cérebro. Na medicina chinesa tradicional, acredita-se que esse processo melhora o funcionamento ao corrigir os bloqueios de energia ou desequilíbrios nos órgãos.

Um estudo publicado no último outono no periódico Journal of Alternative and Complementary Medicine constatou que a eletroacupuntura—em que uma corrente elétrica leve é transmitida através das agulhas—foi tão efetiva quanto a fluoxetina (nome genérico do Prozac) na minimização dos sintomas da depressão.

Por 6 semanas, os pacientes foram submetidos à eletroacupuntura 5 vezes por semana ou receberam uma dose diária padrão de fluoxetina. Os pesquisadores, a maioria dos quais especializados em medicina chinesa tradicional, avaliaram os sintomas dos participantes a cada 2 semanas e acompanharam seus níveis de fator neurotrófico derivado de linhagem de células gliais (GDNF), uma proteína neuroprotetora.

Estudos anteriores detectaram quantidades menores de GDNF entre pacientes com transtorno depressivo significativo e, em outra pesquisa, os níveis de proteína aumentaram após o tratamento com medicação antidepressiva.

Decorridas 6 semanas, ambos os grupos mostraram melhora similar dos sintomas, e ambos os tratamentos restauraram a concentração normal de GDNF.

Entretanto, a ação da acupuntura começou mais rápido, promovendo uma diminuição mais drástica dos sintomas em 2 e 4 semanas, em comparação ao observado com a medicação. Entre os pacientes que melhoraram, um percentual maior de receptores de acupuntura apresentou “melhora mais significativa”.

Outro estudo sugere que a acupuntura pode ser útil em um aspecto particularmente difícil do tratamento da depressão: os efeitos colaterais sexuais de algumas medicações.

Um tratamento de acupuntura de 12 semanas ajudou homens e mulheres a melhorarem vários aspectos da função sexual, de acordo com o estudo publicado também no periódico Journal of Alternative and Complementary Medicine. Estes achados se somam a um crescente corpo de pesquisas que sugerem que a acupuntura pode ser útil para uma variedade de doenças, incluindo dores crônicas, ansiedade e náusea.

A depressão é um problema de saúde mental comum, que afeta pessoas de ambos os sexos, de todas as idades e descendências. Quase dois terços dos adultos, em algum momento da vida, irão passar por depressão séria o bastante para interferir em suas atividades normais. 

As mulheres são duas vezes mais propensas do que os homens a entrarem em depressão (Stewart et al, 2004), em parte devido às alterações hormonais que ocorrem no período pré-menstrual, na menopausa, durante a gravidez ou após o nascimento. Estima-se que a depressão custe  £7,5 bilhões por ano em medicações, benefícios e dias de trabalho perdidos (McCrone et al., 2008).

A World Health Organization prevê que, em 2020, a depressão perderá somente para a cardiopatia crônica, em termos de ônus à saúde ao nível internacional (WHO, 2008).

Embora todo mundo ocasionalmente fique de mau-humor, sentimentos como este passam após alguns dias. Quando uma pessoa tem depressão clínica, estes problemas podem se tornar crônicas ou recorrentes, interferindo no dia a dia.

A depressão causa sintomas como mau-humor, perda do interesse por atividades agradáveis, ansiedade, irritabilidade, baixa autoestima, perturbação do sono ou do apetite, alteração do peso, cansaço, falta de motivação, concentração ou libido, dor física e pensamentos suicidas. A depressão provavelmente resulta de uma combinação de fatores genéticos, bioquímicos, ambientais e psicológicos. Pode ser deflagrada por eventos estressantes, como luto, doença, problemas de relacionamento ou dificuldades financeiras.

Como a acupuntura pode ajudar 

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A maior parte das pesquisas sobre acupuntura na depressão foi conduzida na China, usando fármacos ocidentais para fins de comparação.

Duas revisões sistemáticas recentes, baseadas em dados ocidentais e chineses, constataram que a acupuntura apresentou efetividade similar a da medicação antidepressiva, e não significativamente melhor do que a da acupuntura simulada ou em relação ao observado nos controles das listas de espera. Todavia, estes estudos chegaram a conclusões muito diferentes, com um estudo recomendando o uso da acupuntura (Zhang, 2010) e o outro alegando que as evidências existentes são insuficientes (Smith, 2010).

Os principais aspectos a serem considerados com relação às evidências científicas são: a) o quão confiáveis são os estudos chineses (Ernst, 2010), b) se os estudos controlados de simulação são válidos (Schroer, 2010), e c) qual é a relevância da acupuntura fornecida nos estudos para a prática normal (Schroer, 2010).

As noções acerca das propriedades de placebo da acupuntura (Ernst, 2010) somente podem ser especulativas, com pouca relevância para as decisões referentes ao benefício do paciente. Considerando que a acupuntura parece ser no mínimo tão efetiva quanto os fármacos convencionais existentes, porém livre do nível de seus efeitos colaterais, deve ser considerada como opção terapêutica em meio ao repertório disponível.

Duas situações específicas—durante a gravidez (Manber, 2010) e após o acidente vascular encefálico (Zhang, 2010; Smith, 2010)—parecem ser particularmente favoráveis à incorporação do tratamento de acupuntura.

Em geral, acredita-se que a acupuntura estimula o sistema nervoso e causa a liberação de moléculas mensageiras neuroquímicas. As alterações bioquímicas resultantes influenciam os mecanismos corporais homeostáticos, promovendo assim o bem-estar físico e emocional.

Estudos indicam que a acupuntura pode ter efeito específico positivo sobre a depressão, alterando a bioquímica cerebral do humor, aumentando a produção de serotonina (Sprott, 1998) e de endorfinas (Wang, 2010). A acupuntura também pode ser benéfica na depressão ao atuar em outras vias neuroquímicas, entre as quais aquelas envolvendo a dopamina (Scott, 1997), noradrenalina (Han, 1986), cortisol (Han, 2004) e neuropeptídeo Y (Pohl, 2002).

Foi comprovado que a estimulação de certos pontos de acupuntura afeta áreas cerebrais que comprovadamente diminuem a sensibilidade à dor e ao estresse, além de promover o relaxamento e a desativação do cérebro “analítico”, responsável pela ansiedade e preocupação (Hui, 2010). As alterações comportamentais e bioquímicas induzidas pelo estresse podem ser revertidas (Kim, 2009).

Algumas das pesquisas mais recentes sugerem que a depressão está associada à disfunção na forma como partes do cérebro em repouso interagem entre si (Broyd, 2008). Foi demonstrado que a acupuntura consegue modificar a “rede em modo padrão” (Dhond, 2007), porém o efeito vai além da expectativa/placebo (Hui, 2010).

É possível combinar com segurança a acupuntura aos tratamentos médicos convencionais, como os antidepressivos, ajudando a minimizar seus efeitos colaterais e intensificando seus efeitos benéficos (Zhang, 2007).

O tratamento de acupuntura também pode ajudar a resolver doenças físicas, como a dor crônica (Zhao, 2008), que pode ser uma das causas da depressão. Além de oferecerem a acupuntura e as terapias relacionadas, os acupunturistas muitas vezes irão sugerir a introdução de modificações na dieta e no estilo de vida, as quais poderão ser úteis para superar a depressão. Por fim, as pessoas que lutam para enfrentar a depressão geralmente descobrem que as visitas regulares a um terapeuta de suporte são, por si mesmas, úteis.

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Médico especialista em Acupuntura, formado pela Faculdade de Medicina da USP, com especialização e pós-graduação em Acupuntura na China. Fundador e Coordenador do CEIMEC. Doutorado em Ciências pela USP. Professor Colaborador do Instituto de Ortopedia do HC-FMUSP.

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Especialização em Acupuntura Médica

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